Por Renata Magalhães e Enver Cunha.

Quando se tem uma origem simples, certas coisas parecem extrapolar a realidade. O desejo de acessá-las, ainda que inerente ao espírito, parece ser uma ousadia tão sem limite que costuma ser sublimado, depositado em algum lugar que não possa sequer povoar os sonhos.

Comigo foi assim, até que um dia, a vida me apresentou a um colega de trabalho que acabara de retornar de sua primeira viagem à Europa. Os relatos de sua experiência me deixaram completamente encantada e, além disso, me fizeram cogitar que um dia, talvez, eu também pudesse explorar o mundo, estar em contato com outras culturas.

Todos os dias ele me dava detalhes do seu planejamento. Aquele desejo contido já havia se tornado não apenas um sonho, mas uma meta.

No ano seguinte, partimos eu e meu marido, sozinhos, para a primeira de muitas aventuras deliciosamente já vividas. Ainda no aeroporto, fizemos os nossos primeiros amigos de estrada, Gardênia e Doalcey, esses mesmos que subscrevem este blog! A identificação daqueles espíritos livres e curiosos por desbravar as maravilhas do mundo nos fez nutrir uma amizade que já perdura por longos anos.

O roteiro escolhido foi também a Europa. O medo de que aquela pudesse ser a única viagem de faríamos, ainda resquício das castrações sociais, nos fez incluir o máximo de cidades, ainda que tenhamos conseguido preservar um mínimo aceitável de três dias em cada uma delas. Roma, Florença, Veneza, Paris, Amsterdam, todos destinos clássicos! A cada desembarque, de avião ou de trem, tínhamos que atestar se, de fato, aquilo nos estava acontecendo.

Nos sentimos tão encorajados que fizemos toda a viagem sem agência turística, desenferrujando o inglês e descobrindo o poder universal de comunicação entre as pessoas: o mimiquês! Ainda não sabíamos, mas já havíamos mudado a nossa forma de ver e viver a vida.

Depois daquela viagem, muitas outras já saíram dos planos, dentro e fora do Brasil. Havíamos nos descoberto como seres do mundo, ávidos por descobrir as maravilhas das criações de Deus.

Há poucos dias, recebemos a notícia de que vem aí o nosso filho, um ser que pretendemos educar para desconhecer aqueles limites que achávamos existir um dia. Vem aí mais um companheiro para as nossas andanças, mais um ser do mundo!

 

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Nota dos autores do blog:

Este post inicia uma nova seção, onde convidamos amigas e amigos a escrever e compartilhar suas experiências sobre viajar… a seção “Outros olhares“.

E os primeiros convidados foram Renata Magalhães e Enver Cunha, amigos queridos que conhecemos no aeroporto, na partida da viagem que eles descrevem; e que voltamos a encontrar pessoalmente apenas mais uma vez… mas com relação a quem nutrimos grande afeto e carinho.

Ficamos muito felizes por terem aceito o convite e saber que, sem saber (rsrs), participamos de experiência tão marcante em suas vidas.

O curioso é que, naquela oportunidade, eles nos pareceram um casal acostumado a viagens ao exterior, que apenas embarcava em mais uma delas, tão felizes e leves que estavam. Viajar nos faz leves assim…

Que venham sim, muitas e diversas viagens na vida de vocês, incluindo aquela que estão iniciando, ao receber o presente de Deus do filho que esperam… mais um ser do mundo!

Obrigada e sejam muito felizes!

P.S. Além do texto cheio de coração e significados, Renata e Enver nos presentearam com as fotos belíssimas que ilustram o post.

Novamente, obrigada!