Piranhas-AL: encantos às margens do Velho Chico

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Cidade de Piranhas (#PraCegoVer: Fotografia de paisagem, cidade de Piranhas, Alagoas, vista a partir do alto de uma colina. Na parte superior, nuvens brancas, a silhueta de colinas com vegetação verde-escuro, uma igrejinha branca e sua escadaria que se destacam na parte central e acima de outro morro, e o Rio São Francisco que corre pelo vale entre as colinas em direção ao lado esquerdo da foto. Na parte central destacam-se as casinhas coloridas e seus telhados cor de terra, árvores verdes, uma praça com quadra esportiva e uma praia de rio ao lado dela. Na parte inferior, da direita para o centro da imagem, descendo a colina e em meio à vegetação, há uma escadaria com corrimão nas cores branca e amarela. No canto inferior esquerdo, a inscrição “Porque Somos do Mundo” na cor azul marinho. Fim da descrição).

Piranhas figurava entre aqueles destinos de viagem que a gente paquerava, admirava de longe, paquerava mais um pouco e… até que um dia nós tomamos coragem e pedimos a cidade em namoro. Talvez por estar tão perto de nossa casa, fomos deixando pra depois (atire a primeira pedra quem nunca!…) e o tempo foi passando, passando… nem sabemos dizer quanto!… Alertamos logo: aquela região é fascinante, tanto pelas paisagens, como pelas histórias, pela energia do lugar, pelo banho revigorante no São Francisco, pelas opções turísticas, pela curtição no centrinho histórico de Piranhas, pelas hospedagens surpreendentes!… Vamos descrever algumas coisas em dois posts, mas, pense você também em fazer um pedido de namoro… e terá belas surpresas.

Historiando…

“Olê, muié rendeira,
Olê, muié rendá.
Tu me ensina a fazê renda,
Que eu te ensino a namorá.”

Seria ótimo ter entrado na cidade de Piranhas ao som desse forró famoso, letra de autoria de Virgulino Ferreira, o cangaceiro “Lampião”, como ele próprio o fazia quando chegava a alguns lugares do Nordeste, sertão adentro, episódios nem sempre marcados por oferta de flores e sorrisos de boas-vindas (Mossoró-RN que o diga…). Porém, o repertório musical no carro não dispunha da canção, e nem sabíamos desses detalhes históricos do cangaço, antes de irmos àquela charmosa cidade alagoana. O sentimento mesmo é que nossa experiência em Piranhas (e em lugares próximos, ainda que noutros municípios) foi pra lá de especial. E isso nós já esperávamos.

Tivemos lá bem rapidinho, na companhia de umas pessoas queridas, numa linda tarde de dezembro de 2015 (ficamos lá apenas alguns minutos), o suficiente pra nos encantar com suas casinhas coloridas encravadas nos montes, a história que aquelas ladeiras e escadarias pareciam esconder, e aquele rio mágico, o Velho Chico, passando de mansinho por entre as rochas que marcam a paisagem do lugar… e fomos embora com um gostinho de sorvete de rapadura no paladar e a vontade de voltar e conhecer melhor a cidade e seus arredores.

Chegando…

Fevereiro de 2019. A paisagem espinhosa da vegetação, aquele chão pedregoso, a estrada sinuosa a serpentear o cânion ladeira abaixo, e a imagem de um rio exuberante, cada vez mais próximo, anunciavam: estamos novamente prestes a atravessar a ponte do Velho Chico, na divisa entre Sergipe e Alagoas, e Piranhas estará a apenas 12 Km dali. A cidade fica a 217 Km de Aracaju, de onde partimos; e a 275 Km de Maceió.

Igrejinha e paisagem da caatinga (antes de cruzar a divisa SE – AL)

Em meio ao incrível bioma da caatinga, sob um céu lindamente enfeitado com nuvens roseadas, uma simpática “senhora” de 131 anos de idade, que antigamente atendia pelo nome de Tapera, agora Piranhas, abre os braços pra nos receber. Era final de tarde, e daria tempo suficiente pra nos instalarmos no hotel e recebermos as boas-vindas daquela “senhora” elegante, singela e acolhedora, pelo que nos sentimos sinceramente felizes e gratos.

O lugar parece ter uma energia especial, talvez por abrigar, a poucas léguas do centro, a Hidrelétrica de Xingó (em parceria com a sergipana Canindé de São Francisco), um primor da engenharia que é motivo de orgulho e que traz renda significativa para o Município… talvez devido ao povo ter o sangue guerreiro, alguns até ligados antigamente ao cangaço, por certo herança das lutas exigidas pela vida dura daquele sertão… talvez até pelo onipresente Rio São Francisco, o Velho Chico, sempre generoso, que batiza e alimenta aquela população há décadas.

A hospedagem escolhida foi o Pedra do Sino Hotel, via Booking. Ele fica situado no topo do morro do Mirante Secular, ao lado do Restaurante Flor de Cactus, de onde se vê a cidade lá embaixo, margeando o curso do Velho Chico. Uma das localizações mais privilegiadas de Piranhas, pela linda paisagem que ela permite avistar. O Pedra do Sino é um ícone na cidade, e atrai muitos turistas, de todos os cantos, porque é aconchegante e bem localizado… embora a posição dos quartos poderia ser melhor, já que a maioria não tem vista para o cânion do rio. Confissão nossa: estar nesse hotel foi um dos atrativos que nos levou à cidade. Porém, há outras hospedagens boas também, como constatamos ao estar lá. Neste ponto, ao final do próximo post, vamos trazer outra opção que nos pareceu ter um custo-benefício melhor… depois explicamos isso tintim por tintim. Nada de spoiler, por ora…

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Pedra do Sino Hotel, vista para o Velho Chico
Imagens do Pedra do Sino Hotel

Então… não fosse pelos estômagos, que reclamavam atenção (rsrs), e ficaríamos no hotel pra curtir um pouco a piscina (que parecia convidativa… nem somos dados a isso, mas, tava fazendo um calor danado…), comeríamos por ali mesmo, etc. Porém, decisão melhor, fomos à cidade pra conhecê-la sob luz artificial e provar alguma delícia culinária. E, claro, fazer algumas fotos, nosso “esporte” predileto em viagens.

Piranhas tem um centrinho histórico muito pitoresco. Ali dividem espaço, de forma harmônica, muitas casinhas coloridas, alguns casarões, igrejas, museu, escadarias, pousadas, restaurantes, equipamentos de lazer, bares antigos e lojinhas de artesanato estilosas, tudo acessível por ruas de paralelepípedo, num conjunto arquitetônico bem interessante. Sem contar a prainha no Rio São Francisco, os barcos e catamarãs. Sobre isso, vamos abrir um capítulo especial, com fotos ilustrativas, no próximo post (parte 2).

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Museu do Sertão
Mercado de artesanato (à direita)
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Prefeitura de Piranhas
Início da escadaria para a Igrejinha Senhor do Bonfim

Bem… quanto às comidinhas, há muitas opções que ficam no centro histórico, a maioria delas concentradas num largo, onde posicionam mesas e cadeiras para receber os visitantes, tudo num clima muito animado, regado a forró do bom e muita animação. Tem boas opções nessa área, e o turismo faz com que, aos poucos, outros locais bacanas abram suas portas nas ruas próximas. As especialidades são as comidas regionais, mas acha-se de tudo por lá: de “sandubas” suculentos a comida japonesa (acredite!).

Já era um pouco tarde, decidimos comer algo mais simples… e a experiência não foi bacana (alimentou um pouco, mas não agradou), lamentavelmente, pois o prato estava inacreditavelmente ruim: um simples escondidinho de carne seca, em Piranhas, estava ruim!… Ficamos também meio intrigados com a falta de delicadeza e sentido de parceria (desonestidade, mesmo!) da garçonete daquele restaurante famoso de lá (humm… qual será?), que não quis revelar se algum vizinho servia pizza, já que o forno deles estava com problema naquela noite e o tal restaurante não estava servindo pizza… na noite seguinte, descobrimos que outro restaurante, na mesma pracinha, servia. Pense na raiva!… Resultado: perderam dois clientes, que estão agora contando a história aqui. Deixa pra lá!… O consolo: sorvetes de rapadura e de tapioca!! Que delícias!

Olha, se quiser conhecer um pouco da história da cidade, tem umas informações bacanas nos links a seguir:

http://piranhas.al.gov.br/a-cidade/historia/  https://pt.wikipedia.org/wiki/Piranhas_(Alagoas)

Piranhas é um pouso ótimo, pra de lá ir aos pontos turísticos mais disputados da região, como as navegações rio acima (lago de Xingó, em direção aos cânions) e rio abaixo (para os chamados eco parques e trilha do cangaço), para o Museu Arqueológico de Xingó (o MAX), para visitar a própria Hidrelétrica de Xingó, para o Castanho e alguns outros lugares nos arredores, muitos deles nascendo por estes tempos, em função do crescimento turístico. Sem contar os bons hotéis que existem na cidade, pra todos os bolsos.

Interessante dizer que achamos os valores de alguns passeios um pouco salgados, em comparação com outros que já vimos Brasil adentro… mas, vale a pena, porque aquelas paisagens e aventuras são mesmo pra alimentar a alma.

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Portal de acesso à cidade histórica

Encantando-nos…

Ah, se aquele centrinho histórico fosse mais bem cuidado!… O conjunto arquitetônico de Piranhas é bem bacana, especialmente porque a geografia da parte antiga da cidade é muito propícia. Essa parte da cidade parece um presépio, todo arrumadinho e espremidinho entre aqueles morros, à beira rio. Porém, vimos muitos imóveis mal cuidados, outros praticamente desmoronando. Isso, aos olhos mais atentos… mas, paciência… O fato é que há um grande potencial de turismo histórico na cidade, praticamente inexplorado. A parte de cima de Piranhas é mais comum e desinteressante (para turistas), bem comercial e residencial, para onde a cidade cresceu, a fim de abrigar sua simpática e acolhedora população.

Então, retornemos à parte antiga? Existem lá dois lugares curiosos, as escadarias mais famosas da cidade. Uma vai em direção à Igrejinha Senhor do Bonfim, 250 degraus acima, de onde se avista, talvez das melhores vista da cidade. A outra escadaria vai até o Mirante Secular, após quase infinitos 364 degraus (isso mesmo: 364 degraus!!… haja fôlego!). A primeira até que deu, mas a segunda ficou pra outra oportunidade (rsrs).

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Vista a partir da escadaria da Igrejinha Senhor do Bonfim
Escadaria do morro do Mirante Secular

Já no Mirante Secular, ao lado do Restaurante Flor de Cactus, dá pra ver a cidade toda iluminada… são duas emoções diferentes: ir lá de dia (foto de capa deste post) e de noite (imagem a seguir). Que maravilha! A cidade é muito fotogênica e a gente não cansa de registrar. As imagens não deixam dúvidas (!!)

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Tivemos a chance de fazer muitos cliques da paisagem, das ruas e das casinhas coloridas, e ver um lindíssimo pôr do sol na estrada, em frente ao posto fiscal desativado, perto do escritório da Chesf, cuja vista alcança o Velho Chico (fica a dica!). A seguir, outras imagens bacanas de Piranhas, pra você curtir e se entusiasmar de vez!

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Igrejinha do Senhor do Bonfim
Monumento Mirante Secular (à direita)
Restaurante e sorveteria em prédios históricos
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Lugar privilegiado do campo de futebol, à beira do Velho Chico

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Painel ao lado da Igrejinha Senhor do Bonfim
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Pôr do sol em frente ao posto fiscal

Anote aí outra coisa sensacional pra fazer à noite: lá no largo do centro histórico, sempre acontece a apresentação de grupo folclórico de cangaceiros(as), ao som de um forró de alto nível, tocado por Sávio, um forrozeiro da terra, que já é tradição e toca sua sanfona todo final de semana em Piranhas, pra uma plateia de dezenas de turistas e nativos. Eita forrozinho bom! Se esteve em Piranhas e não foi ao Forró do Sávio, nem conte que foi na cidade!… ninguém vai acreditar… rsrs

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Bem… foi isso que vivemos na cidade de Piranhas. Sobre o que rolou nos dias seguintes, próximo de lá, a gente conta no próximo post, tá bem!?… E tem a cerejinha do bolo (Reserva Ecológica do Castanho), o passeio ao Eco Parque Angicos (inquietações sobre Lampião e seu bando… histórias…) e uma última dica imperdível sobre hospedagem.

Em breve a gente volta… segure aí a curiosidade!…


Link relacionado:
Surpresas boas pertinho de Piranhas-AL


* Este não é um post patrocinado. O espírito do blog é de narrar histórias e experiências, de forma que esse escrito reflete unicamente a opinião dos autores.

**Viagem realizada em fevereiro de 2019. Valores informados também correspondem a esse mês.

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