Pirenópolis é uma cidade linda do estado de Goiás, que seguramente vale a visita. Tem opções que agradam a todos, desde as ruas históricas, museus e igrejas (na foto abaixo, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário), até as opções de natureza (com destaque para as cachoeiras) e aventura.
Ela entrou no roteiro meio que por acaso. Já tínhamos a vontade de conhecer, mas o planejamento inicial era de ir pra Chapada das Mesas, no Maranhão.
No planejamento da Chapada, descobrimos que seriam necessários menos dias do que tínhamos de férias. Daí surgiu a questão de pra onde ir. Tentamos algumas opções, incluindo o Delta do Parnaíba. Mas parávamos na dificuldade de transporte, porque estaríamos em Carolina, no interior do Maranhão; e pra voar pra outro lugar, teríamos que retornar a Brasília, ou ir até São Luís.
Foi aí que surgiu a ideia de ir a Pirenópolis, de carro, a partir de Brasília, nossa conexão entre Aracaju e Imperatriz.
E assim foi…
Chegamos a Brasília no final da noite, vindos de Imperatriz. Dormimos lá, no Styles Concept Hotel; e, no dia seguinte, alugamos um carro (na Unidas) e pegamos a estrada. As agências de aluguel de veículo ficam a poucos metros do hotel; dá pra ir a pé. Pela nossa experiência, achamos que vale muito estar de carro em Pirenópolis, principalmente para ir aos atrativos fora da cidade, que, em geral, tem fácil acesso e não necessitam de guia.

A apenas 150 km de Brasília, e 128 de Goiânia, Pirenópolis tem diversas atrações naturais (especialmente cachoeiras), além históricas, gastronômicas e de compras, que valem mais que um bate e volta… achamos que vale mais mesmo que um final de semana…
Vamos contar um pouco sobre como foi…

Chegamos a Pirenópolis já no final da manhã. A hospedagem foi na Pousada Casa Grande, reservada pelo booking. A pousada é muito aconchegante e fica a pouca distância do centro histórico (perto o suficiente pra ir a pé e longe o suficiente pra não ser incomodado com o barulho da rua). A parte da frente, onde estão a recepção e o salão do café da manhã, ficam em um antigo casarão.


Os quartos ficam na parte do fundo, em chalés, em meio a um jardim, com estacionamento pra muitos carros. As acomodações são muito boas, os quartos espaçosos. O cheiro das toalhas é maravilhoso! Café da manhã divino!



Nesse dia, depois do almoço e de um bom descanso, saímos pra ver o pôr do sol no Morro do Ventilador, que fica a uma pequena distância de Pirenópolis, por estrada de chão. No caminho, belas vistas do vale onde está a cidade. E lá no alto, um belo espetáculo da natureza, com o encobrir do sol.

Um local que fizemos questão de conhecer foi o Santuário de Vida Silvestre Vagafogo. O Santuário é um espaço de preservação e sustentabilidade, situado à margem do rio Vagafogo. É uma a RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural, a primeira reserva do estado de Goiás.


O Santuário possui uma trilha de 1.530 metros, a Trilha Interpretativa Mãe-da-Floresta, quase toda em passarela de madeira, cujo percurso acontece sob copas de árvores centenárias, próximo ao rio Vagafogo.
O rio conta com uma piscina natural, límpida e potável, além de massagem na pequena cachoeira.


O Santuário tem ainda outros programas de turismo, como tirolesa e arvorismo, e educação ambiental.
Mas a grande estrela do Vagafogo é o brunch, um verdadeiro festival gastronômico com aproximadamente 45 itens, desenvolvido a partir da produção sustentável de frutas do cerrado, oferecendo geleias, chutneys, pães, frutas desidratadas e cristalizadas, ambrosia seca, biscoitos, lácteos, etc. É bom ir pra o brunch de barriga vazia… seu paladar vai agradecer! E muitos dos produtos estão à venda, para que você possa levar para casa um pouco dessas delícias.

Não se pode deixar de falar da simpatia dos proprietários (conhecemos Uirá e Catarina, filho e mãe, respectivamente), que fazem tudo para acolher os visitantes.
Passar um dia no Vagafogo, caminhando no meio da mata, em harmonia com a natureza, e de desfrutar do brunch ao final, é uma experiência revigorante, em todos os sentidos.
Outro dia de contato com a natureza… dessa vez nas Cachoeiras dos Dragões, que ficam situadas dentro da área que também abriga o Mosteiro Zen Eisho-ji.
Para chegar às Cachoeiras dos Dragões, a estrada é de 25Km de asfalto (pela GO 338, a partir de Pirenópolis), mais 15 km de estrada de chão. No caminho, há um pequeno córrego, muito raso; dá pra passar tranquilamente, mesmo em carro de passeio.


Os residentes do mosteiro controlam e organizam o acesso ao atrativo (os grupos saem com meia hora de intervalo entre eles), para evitar grandes concentrações de pessoas em cada cachoeira e garantir um passeio mais agradável.

A visitação pode ser feita de quarta a domingo e feriados, das 9h às 17h. No local, são vendidos apenas alguns lanchinhos (biscoitos, barra de cereal), de modo que é recomendado levar algo para comer (não é permitida a entrada de bebidas alcoólicas e embalagens de vidro).
São oito cachoeiras, cada uma com uma característica especial, acessíveis por uma deliciosa trilha de 4,5 km em meio ao cerrado, em verdadeiro contato com a natureza. As cachoeiras são relacionadas à mitologia dos Dragões, tendo cada uma placa com a explicação (que também pode ser acessada no blog das cachoeiras). Nos encantamos pela terceira, a Pérola do Dragão, que forma um poço lindo, de águas verdes.






A trilha é de pedras, de leve a moderada, porque tem um trecho de subida íngreme, creio que entre a sexta e sétima cachoeiras. Pede calçados adequados (bota, tênis de caminhada) e uso de protetor solar.



Na área da sétima cachoeira, há ainda um “ofurô” naturalmente esculpido na pedra, que permite um banho maravilhoso. Uma sugestão: pense em realizar o passeio de forma a estar lá no final da tarde… é delicioso! Nós iniciamos a trilha por volta das 11h da manhã e estávamos na sétima às 16h (já tínhamos visitado a oitava). Simplesmente revigorante!

No trecho final da trilha de volta ao mosteiro, um jardim de sempre-vivas…

E, no caminho de volta, um colorido pôr do sol…

De natureza, é preciso falar ainda do Pico dos Pireneus, ponto culminante da região, com 1.385 metros de altitude, situado no Parque Estadual dos Pireneus, a 20 km da cidade de Pirenópolis; e que visitamos no nosso percurso de volta a Brasília. É possível subir até o topo, de onde se tem uma bela vista da região. Dependendo das condições climáticas, é possível avistar algumas cidades da região, como Cocalzinho de Goiás. O local é muito procurado para a prática de esportes de aventura, como slackline.






Pirenópolis é uma cidade histórica do interior de Goiás, tombada como conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Foi fundada com o nome de Minas de Nossa Senhora do Rosário Meia Ponte, tendo sido importante centro urbano na época da mineração.
A sua denominação atual significa “a Cidade dos Pireneus”, que provém da serra que circunda a cidade, a Serra dos Pireneus; que, segundo a tradição local, recebeu esse nome dos imigrantes espanhóis, provavelmente catalães, existentes na região.
A cidade é pequena e pacata, principalmente em dias de meio de semana. Em finas de semana, principalmente com feriados, a dinâmica muda completamente: a cidade fica lotada de turistas, o que tira um pouco do sossego. Na hora de escolher quando ir, melhor atentar para isto. Chegamos lá numa segunda-feira, que antecedeu à quinta-feira de Corpus Chisti… e foi nítida a diferença! Nós preferimos os dias da semana, muito embora isso significasse ter alguns estabelecimentos fechados, principalmente restaurantes.
Tem inúmeras cachoeiras em seus arredores, muitas delas com boa infraestrutura. É fácil encontrar informações na internet ou no Centro de Informações ao Turista. Achamos que também com relação às cachoeiras é importante avaliar quando ir, em função do clima preferido, se mais tranquilo ou mais agitado. Como já estávamos vindo da Chapada das Mesas (que também é generosa em cachoeiras – veja os posts aqui), optamos por ir apenas ao Santuário Vagafogo e às Cachoeiras dos Dragões.
A cidade tem um centro histórico com igrejas do século XVIII, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, além diversos casarões e prédios históricos, como os do Teatro de Pirenópolis (que estava em reforma), o Cine Teatro Pireneus e a Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga o Museu do Divino.
O centro histórico precisa ser conhecido em um passeio a pé, pra que seja possível observar os casarios, as igrejas, as lojas de artesanato.




Pirenópolis é palco das famosas Cavalhadas e da Festa do Divino. As Cavalhadas são festas que buscam representar a luta entre mouros e cristãos pelo domínio da Península Ibérica, durante a Idade Média, na Europa. Nela, é constante a presença dos mascarados, alguns montados a cavalo. A Festa do Divino Espírito Santo é um festejo religioso de origem portuguesa, que dura cerca de vinte dias e foi reconhecida como Patrimônio Cultural brasileiro. Ambas as festas acontecem durante as festividades de Pentecostes, cinquenta dias após a Páscoa.
Chegamos a Pirenópolis na Semana de Corpus Chisti, que é celebrado sessenta dias após a Páscoa, de forma que ainda vimos alguns mascarados pelas ruas, personagens típicos das Cavalhadas… E vivemos também a experiência de acompanhar a confecção dos tapetes (na noite da véspera) para a passagem da procissão de Corpus Christi.




No Museu do Divino, é possível conhecer os registros dessas manifestações culturais, através de máscaras, roupas e adereços, além de um vídeo institucional.
Lá você é recebido por Tamara, a simpática tecnóloga em turismo que, numa conversa gostosa, lhe dá todas as informações sobre a cidade, sua história e as festas do Divino e da Cavalhada. Vale separar um tempinho maior, pra aprender sobre toda essa riqueza cultural e histórica.




Outro destaque da cidade é a sua gastronomia, com um sem número de restaurantes, lanchonetes, confeitarias, sorveterias e até uma cervejaria.
Experimentamos alguns desses locais e vamos falar um pouco sobre eles.
Pro almoço na cidade, elegemos o Restaurante Serra, comida por quilo, em fogão a lenha. Boa variedade e preço justo, embora seja muito concorrido. Fica no centro histórico, de forma que é uma opção prática para quem está passeando por lá.
À noite, especial a Forneria e Café Pireneus, que serve focaccias maravilhosas! Tem também outros pratos, especialmente massas e sanduíches. Muito, muito bom!
Em Pirenópolis, é famosa a Rua do Lazer, com diversos restaurantes. Estivemos lá uma única vez, à noite. O espaço é muito movimentado, desde o final da manhã, de forma que não nos agrada muito, porque preferimos lugares mais calmos. Além disso, os garçons ficam “captando” os clientes na rua, o que também não nos agrada. Escolhemos o Empório do Cerrado e pedimos dois pratos; um deles veio errado; optamos por dividir o que veio certo, que estava muito saboroso e é uma porção generosa.
Fomos também à Cervejaria Santa Dica (a poucos metros da Pousada Casa Grande), que fabrica cerveja artesanal, inclusive de hibisco e cajá. Degustamos e aprovamos em duas oportunidades; uma delas acompanhada de um delicioso hambúrguer do Art Burger, que fica do outro lado da rua. O ambiente da cervejaria é bem descontraído, com as mesas ao ar livre e música ao vivo em alguns dias.



Estivemos ainda no Maria do Céu, um bistrô vegetariano maravilhoso, que funciona em sistema de buffet livre de saladas e prato executivo individual para os demais itens. A moqueca de caju e a farofa de maracujá estavam espetaculares!

Pirenópolis tem um sem número de outros restaurantes, que o pouco tempo na cidade não nos permitiu experimentar. Mas fica a dica: É bom ficar atento para os dias e horários de funcionamento dos estabelecimentos, porque muitos funcionam apenas de quinta a domingo, ou finais de semana, ou apenas à noite… enfim, melhor buscar informação. Por exemplo, quando chegamos a Pirenópolis, era uma segunda-feira, de forma que alguns dos estabelecimentos estavam fechados, principalmente à noite.
Experimentamos ainda uma delícia de picolé, vendido na loja de artes Arte da Rua, na Galeria do Centro Histórico… tem os sabores mais inusitados e diferentes: manjericão, castanha de baru, gengibre… Falando em loja de arte, a Arte da Rua é um caso à parte; as lindas obras de seu proprietário, com temática social, que estão disponíveis não somente em telas, mas também em diversos outros meios, como bolsas, canecas, chaveiros, lenços, valem a visita!
E aí passamos a falar de outra coisa boa pra fazer em Pirenópolis: passear por suas lojas de arte e artesanato. A cidade tem uma profusão delas, com opções das peças mais diversas, em tecido, madeira, louça, coloridas, com flores, com a pombinha que simboliza o Espírito Santo, com os mascarados do Divino… é impossível não se encantar com alguma coisa. Ainda há a opção de uma feirinha, que funciona algumas noites da semana (acho que a partir da quinta), na praça do coreto.Visitar Pirenópolis foi uma rica experiência, de conhecer uma cidadezinha charmosa, que ainda preserva suas raízes históricas, que oferece boas sensações ao paladar e que nos coloca em contato com a energia renovadora de suas águas!
É de apaixonar!
Vá, se você…
- gosta de cachoeira;
- aprecia comer bem;
- admira cidades históricas;
- aprecia arte e artesanato.
Não vá, se você…
- não gosta de destinos de natureza, nem de história;
- prefere lugares modernos e cidades grande.