
Esse post surgiu meio de trás pra frente…
É curioso o processo de escrever sobre os lugares… as ideias vão vindo, como que se organizando sozinhas…
Assim é que comecei a escrever, sobre a Chapada das Mesas, pelo planejamento da viagem. Mas, no meio do processo, acabei voltando e iniciando o post falando da cidade de Carolina, que conhecemos um pouco mais, justamente, no último dia do passeio.
Então, de trás pra frente, um pouco de Carolina e como chegar à Chapada das Mesas…
CAROLINA
Carolina é cidade do sudoeste do Maranhão, a base para conhecer a Chapada das Mesas. Cidade pequena, típica do interior do nordeste brasileiro, onde ainda é possível avistar as pessoas sentadas na porta das casas, conversando, à noite, para espantar o calor, sempre presente.
A cidade surgiu lá pelos idos de 1800 e teve seu momento de exploração do ouro. Seu nome, que antes era São Pedro de Alcântara, é uma homenagem à imperatriz Carolina Leopoldina, esposa de D. Pedro I.
Seu máximo destaque foi no século passado, no período em que a navegação foi muito importante para a economia da região, e ela influenciava Pará, Piauí e Goiás (onde hoje é o Tocantins). No início da década de 60, por razões políticas, foi determinado que a construção da rodovia Belém-Brasília passaria a cerca de 100 km de Carolina, o que causou a sua decadência em termos de importância regional.
Mas, como a vida tem razões ocultas por trás de suas tramas, o que parece, a princípio, ter sido uma tragédia, pode ter sido a salvação da região, como destino de ecoturismo. É que a região onde está Carolina tem um imenso potencial para essa atividade e, talvez, se a rodovia tivesse passado por lá, as mais de oitenta cachoeiras mapeadas e outras incontáveis nascentes de água não tivessem sobrevivido, ou muitas tivessem sido “engolidas” pela cidade.
O fato é que, mantendo-se como pequena cidade do interior, Carolina está tendo a chance de descobrir seu potencial turístico, baseado principalmente nos seus recursos hídricos, com rios, nascentes e cachoeiras, e que teve na criação do Parque Nacional da Chapada das Mesas, um importante marco.
Hoje, Carolina é uma cidade ecoturística, com um já grande fluxo de pessoas, principalmente do turismo regional, e que vai sendo descoberta pelo restante do Brasil.
Mais recentemente, em 2011, Carolina viveu uma nova mudança: a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito fez subir muito o nível do rio Tocantins, e todas as praias fluviais da região desapareceram, como também pequenas ilhas; prejudicando, ainda, a pesca.
A cidade, em si, tem poucos atrativos, mas que rendem um bom passeio e muito boas fotos: as casinhas coloridas, a igreja de São Pedro de Alcântara, o Museu Histórico de Carolina, além de alguns monumentos, como o Obelisco da Independência.


Um colorido lindo e fotos muito boas também acontecem no por do sol na beira do rio, próximo ao ponto dos barcos, com destaque para o ângulo a partir do Bar Chega +.

Falando em Museu Histórico (ingresso de R$5,00), ele é uma ótima oportunidade pra conhecer um pouco mais sobre Carolina. Se der sorte, você será guiado(a) pelo Sr. Hélio Ney, o próprio diretor do museu, que faz questão de conduzir os visitantes.

Além de visitar muitas cachoeiras, a partir de Carolina é possível também fazer um passeio muito bonito, de barco pelo rio Tocantins, a jusante, conhecendo a região alagada com a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito. A paisagem é especialmente encantadora no por do sol.
Durante o passeio, que fizemos com o Sr. Antônio, que contratamos ali mesmo, no ponto dos barcos de Carolina, foi possível, além de ver as belezas naturais, conhecer um pouco dessa história do alagamento. Seu Antônio, com tristeza na voz, falou das praias desaparecidas, “lindas, de areia fininha e clarinha”, como ele mesmo disse… falou dos amigos pescadores que viram o desaparecimento dos peixes… falou da Ilha dos Botes, que demos a volta durante o passeio e que acabou sendo abandonada, pois foi quase totalmente alagada, e era palco de festas memoráveis e que duravam dias – o Festival Fora do Tempo.
Quando for a Carolina, não deixe de passear pelo rio. Vá lá no atracadouro dos barcos e contrate um deles. O Sr. Antônio é uma ótima escolha. Pagamos R$200,00, para um passeio maravilhoso, de mais ou menos duas horas.







Carolina é assim… simples… e lhe abre as portas pra as paisagens encantadoras da Chapada das Mesas.
COMO CHEGAR À CHAPADA DAS MESAS
A Chapada das Mesas tem esse nome por causa do relevo de suas serras, semelhantes a mesas.

Não lembro bem quando ouvimos falar dela pela primeira vez. Não faz muito tempo… coisa de poucos anos… Mas depois dessa primeira notícia, chegaram outras… um amigo que passou por lá, um outro que também foi… uma reportagem na TV, uma revista… daí a começar a procurar na internet, nos blogs de viagem, foi um passo… que se seguiu aos outros de nos vermos encantados com o espetáculo que a Natureza dá por lá e decidirmos por fazer dela nosso destino de férias.
Primeiro, escolher a época. Situada no sudoeste do Maranhão, na fronteira com Tocantins, a região tem duas estações básicas: uma de chuva e outra seca. A seca vai de maio a setembro (ou ao redor disso) e foi por ela que decidimos, pois, afinal de contas, é um destino de natureza (de cachoeiras, especialmente), onde a chuva pode tornar menos agradáveis ou mesmo impedir os passeios. E mais, decidimos pelo início do mês de junho, pois, como a estação seca iniciou há pouco, ainda é possível encontrar bom volume de água em rios e cachoeiras.
Marcadas as férias para junho, já no mês de fevereiro iniciamos as pesquisas pra montar nosso roteiro.
A primeira questão é o acesso a Carolina, cidade que é a base da Chapada das Mesas. O aeroporto mais perto, com voos regulares (o de Carolina recebe apenas jatinhos e similares), fica em Imperatriz, a pouco mais de 200 km de distância. Então saiba: se quiser conhecer a Chapada das Mesas, a escolha mais prática é ir de avião até Imperatriz (também no Maranhão), depois de carro até Carolina (a menos que a distância de onde você está permita ir direto de carro; ou decidir por outras alternativas, em função, inclusive, do preço).
Nós, que saímos de Aracaju, pela pouca oferta de voos, tivemos que pernoitar em Brasília. Lá, uma boa descoberta: o hotel Base Concept (que passou à rede Ibis agora em julho, com o nome Styles Concept) e fica em frente ao aeroporto, foi uma “mão na roda” pra nossa conexão, que precisava de um pernoite na capital federal. Reserva feita pelo Booking, a bom preço, para uma noite de sexta-feira.
Escolhido o caminho, passamos a pesquisar a hospedagem e os passeios a fazer na Chapada.
A primeira coisa que descobrimos é que, apesar de a Chapada contar com mais de oitenta cachoeiras catalogadas, as que estão disponíveis para visitação, mais alguns outros atrativos, podem, facilmente, ser visitados em cerca de uma semana. Se for a apenas alguns dos lugares mais conhecidos, cinco dias pode ser suficiente (falando principalmente pra aqueles que, como nós, vêm de longe).
Pensamos, como nos é costumeiro, em ir por conta própria: alugar um carro, reservar a pousada e comprar os passeios, buscando uma agência local.
Mas nossos planos esbarraram nos custos, especialmente dos passeios, cobrados pelas agências que contatamos em Carolina.
Enviamos e-mails para as agências locais (as que pudemos identificar pela internet) solicitando informações sobre os preços dos passeios. E tivemos surpresas. A primeira delas é que foi muito difícil receber informações sobre os passeios individualmente, pois as respostas só vinham para pacotes, de vários dias. Depois de insistir, conseguimos a resposta para os passeios… mas aí veio a nova surpresa: os preços! De assombrar! Tem passeios pra duas cachoeiras que custam R$650,00 por pessoa, sem as entradas no atrativo (falaremos mais no post sobre os passeios).
Mudamos, então, a estratégia: fomos buscar as grandes agências e operadoras. Elas apresentam pacotes similares. Descobrimos uma, com a qual ainda não tínhamos viajado, a Cia Eco, que tem um diferencial em seus roteiros, já que inclui, no preço do pacote, o valor das entradas nos atrativos (nem as agências locais incluem!); e, ainda, um roteiro que incluía uma caminhada no Parque Nacional.
Fazendo as contas (pela primeira vez e por incrível que pareça), quando colocamos “na ponta do lápis”, os custos com locação de carro, gasolina, hospedagem, passeios e entradas nos atrativos, o pacote com a agência era mais barato. Fechamos, então, com a Cia Eco.
A questão da inclusão das entradas nos atrativos, no preço do pacote (ou do passeio), é importante porque há lugares em que você paga pra entrar e paga por cada cachoeira que visita (em valores que podem chegar a R$40,00 cada – para o ano de 2017), de forma que, se não estiverem inclusos, precisam ser observados, na hora de pensar em um orçamento, principalmente para vários dias de passeio.
Como compramos um pacote, ficamos na Pousada do Lages e contamos com o serviço da Cia do Cerrado, que é ligada à pousada.
A Pousada do Lages fica fora da cidade de Carolina, a cerca de 2 km (segundo os guias… eu acho que era mais… rsrs), mas o pessoal da agência “dá uma carona” quando o hóspede quer ir à cidade, o que, normalmente, acontece à noite, já que os passeios duram, em geral, o dia todo. A pousada é boa e estava com algumas áreas em reforma; tem um bom café da manhã, mas falta um pouco de “charme”, principalmente nos quartos, praticamente sem decoração. Os funcionários são muito simpáticos e prestativos.

Nós não conhecemos outras opções de hospedagem, mas é possível dizer que Carolina dispõe de uma quantidade razoável delas, das quais duas pousadas um pouco maiores (uma na cidade e outra fora dela, a que ficamos), um hotel (com boa infraestrutura, a mais de 32 km da cidade) e diversas pequenas pousadas na cidade. Também não conhecemos nenhuma outra agência local (o serviço foi contratado pelo pacote), mas a cidade dispõe de agências e guias individuais de turismo, sendo que, as duas maiores agências estão ligadas, cada uma, a uma das pousadas maiores.
Os serviços da agência local (Cia do Cerrado) atenderam às expectativas: guias atenciosos, tranquilos e excelentes motoristas… Quando começamos a visitar a Chapada das Mesas é que descobrimos que a estrada pra alguns dos atrativos é de areia, ruim de trafegar, exigindo veículo 4X4. Daí ser melhor, de fato, ir com o veículo da agência (a menos que você esteja num off road). E por isso a importância da qualidade dos guias-motoristas da agência!
Pra nós que temos uma afeição especial por chapadas, a Chapada das Mesas foi um feliz encontro.
Se você gosta de natureza, de banho de cachoeira, pense em colocá-la na sua lista ou planejar ir nas próximas férias…
Dicas:
- Os valores informados são para junho de 2017
- Telefones do Sr. Antônio, quando visitamos a região: 99-99142-4342 e 99-98172-8333
Sobre as atrações da Chapada das Mesas, visite o post A CHAPADA DAS MESAS E SUAS (MUITAS) ÁGUAS.
Um último esclarecimento: este não é um post patrocinado. E fica novamente a dica: O espírito do blog é de narrar histórias e experiências, de forma que esse escrito reflete unicamente a opinião dos autores.