A AURORA BOREAL (AS LUZES QUE NOS LEVARAM À NORUEGA)

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O nosso propósito maior, quando decidimos visitar a Noruega, foi ver a aurora boreal.

É um projeto que demanda uma infraestrutura especial (é necessário todo um monitoramento de índices de radiação e de quantidade de nuvens, pra se saber onde ir para ver o espetáculo de luzes no céu) e um bom planejamento, porque buscar a aurora exige saídas à noite, para lugares sem luz (ou com pouca luminosidade) no interior do país e em temperaturas muito baixas (em função da época do ano favorável a ver a aurora).

Existe sim a possibilidade de ir por conta própria. A aventura deve ser maior. E, nesse caso, ou se conta com a sorte ou se aprende a monitorar os tais índices, pra saber onde vai estar ocorrendo a aurora. Também é possível contratar, localmente, saídas pra buscar a aurora. Não sabemos, em termos de custo, se é ou não vantajoso.

Nós optamos por contratar um pacote com a Geotrip, empresa especializada em levar brasileiros pra esse tipo de expedição e, assim, contar com assessoria especializada pra favorecer as chances de ver a aurora… e vê-la mais vezes; além de já ter toda a viagem previamente planejada, o que poupa muito tempo e trabalho (embora tenha algumas desvantagens em acompanhar o roteiro já definido e estar sempre em grupo). Todas as noites, após Daniel e Jonathas Japor verificarem os índices necessários, saíamos em vans alugadas (com as quais também fazíamos os deslocamentos para passeios diurnos), procurando os melhores lugares para avistar a aurora, o que podia ser uma praia, na beira de uma estrada, ou “no meio do nada”…

As fotografias e filmagens, em geral, trazem a aurora em tons de verde, às vezes rosa, raramente outras cores; mas essas cores são mais efeito de captação dos equipamentos. A “olho nu” ela é branca, levemente esverdeada, um verde que fica um pouco mais forte ou torna-se róseo, quando a incidência da luz é mais intensa. Mas não deixa de ser lindo. É apenas uma observação, porque muitos chegam esperando a luz verde e ela não aparece exatamente assim como nas fotografias.

Ver a aurora é uma emoção ímpar. Mas é preciso pagar um preço. Não tem um botão que liga e ela aparece. É preciso paciência e espera… no frio da noite. Sim, íamos de van; mas ela, depois de um certo tempo, pouco ou nada adiantava para aquecer. Eu, Gardênia, que escrevo esse post, senti muito, muito frio, principalmente nos pés e mãos. Estava com roupas adequadas, com botas pra neve e meias de lã, com luvas; mas depois de um tempo esperando, em pé, às vezes em cima de neve ou de solo úmido, com vento, o frio começava a tomar conta… os pés pareciam congelar; era preciso entrar na van, tirar as botas e meias e massagear os pés até voltar a senti-los… pra depois sair novamente da van. Ah… e não tem banheiro, o que complica um pouco as coisas quando se está coberto de roupas e mais roupas de frio, no conhecido estilo “cebola”. Necessário lembrar, ainda, que é bom levar lanche: saímos sempre cedo (final da tarde, início da noite) e os locais em que paramos pra ver a aurora são sempre afastados. O “preço” que se paga pra ver a aurora, todavia, vale a pena. O espetáculo encantador de vê-la dançando é emoção única, que compensa os desconfortos.

Vimos a aurora em quase todas as noites da viagem ao interior do país. Na maior parte delas, pegamos estrada pra isso…

Na primeira noite, saímos pra buscar a aurora em Svolvær. Pegamos a van e fomos para a parte rural da cidade, uns 100 Km depois. Paramos na beira de uma estrada secundária. A noite estava um pouco nublada. Esperamos. E ela surgiu. Não estava muito forte, mas, para a maioria do grupo, que nunca tinha visto, já foi um presente!

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A primeira emoção da aurora boreal

A segunda noite, também saindo de Svolvær, fomos na direção de Leknes. Paramos próximo a uma praia. Novamente, esperamos… e ela surgiu! Linda, dançante, emocionante!

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Aurora em Leknes, com as luzes refletindo nas águas

Na terceira noite, estávamos voltando de Reines, ainda ao entardecer, quando ela começou a aparecer do lado da estrada… e fomos acompanhando, acompanhando, até que ela ficou muito forte… e espetacular! Juntando a claridade do entardecer com as luzes da aurora… paramos à beira da estrada e ficamos admirando e tentando tirar fotos (sim, fotografar exige equipamento e configurações específicas… falaremos disso já, já)… mas, como não podíamos nos demorar (íamos, naquela noite, pegar um navio para Tromsø), seguimos viagem com ela ainda nos acompanhando…

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Aurora à beira da estrada, com o céu ainda claro, quando voltávamos de Reines…

Nessa mesma noite, vivemos uma das experiências mais belas da viagem: navegando, à noite, por entre os fiordes, com a aurora boreal dançando maravilhosa sobre nossas cabeças… e nós, ali, no convés do navio, até altas horas, até nossos corpos aguentarem…

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Aurora boreal enquanto navegávamos… foto com o navio em movimento…

Na quarta noite, já em Tromsø, saímos novamente de van até um ponto afastado da cidade, à beira do fiorde. Esperamos, esperamos… Quando quase desistíamos, ela apareceu. Dançou. Fez círculos. Encantou-nos!

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Aurora à beira do fiorde, em Tromsø

Na quinta noite, estávamos em Kilpisjärvi, na Finlândia (falamos sobre isso depois também). Tínhamos saído pela manhã de Tromsø e chegado já no final da tarde. O dia tinha sido intenso e o céu estava nublado. Se teve aurora na madrugada, não vimos. Até nevou, mas só vimos na manhã seguinte.

Na sexta noite, ainda na Finlândia, foi também noite de espetáculo: ela dançava bem ali, em cima de nossos chalés (na condição mais confortável que tivemos; embora a temperatura fosse baixíssima, -10ºC – as mais baixas que pegamos – tínhamos os chalés pra nos aquecer e depois retornar). Ficamos observando, fotografando e nos divertindo até quando aguentamos… rsrsrs…

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Aurora em Kilpisjärvi, na Finlândia

Na sétima e última noite, já estávamos de volta a Tromsø. A previsão era espetacular: radiação nível cinco (de um índice que vai até sete): tempestade geomagnética! Céu limpo. Saímos de van, nos afastando da cidade. Pegamos uma estrada secundária e fomos até um ponto de uma propriedade privada (a proprietária nos deixou ficar). Não foi preciso esperar muito e ela apareceu. Magnífica. Forte como em nenhum dos outros dias. Dançou, voou sobre nossas cabeças… Intensa. Aparecendo por todos os lados, como em 360º. Voltamos quando fomos vencidos pelo cansaço, mas tendo recebido um presente! Um presente de despedida da Aurora Boreal e de todas as emoções que ela nos proporcionou.

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A despedida da aurora, com tempestade geomagnética!
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E ela ficou até colorida…

Em todas as ocasiões, muitas fotos… ou melhor, muitas tentativas de fotos; que foram melhorando à medida que as experiências foram sucedendo. Pra fotografar a aurora, é preciso equipamento que permita ajustar ISO e tempo de exposição e que possa fazer o foco manual, no infinito. Pra filmar, é preciso equipamento mais especial ainda, para captação de imagens em pouca luz. Câmeras mais comuns e celulares podem até fotografar, principalmente quando a aurora está muito forte; mas as imagens não tem boa qualidade. Para os que gostam de fotografia e tem equipamento, uma oportunidade ímpar de exercício e aprendizado. Um acréscimo do pacote da Geotrip é que eles tem equipamentos muito bons para fotografia e filmagens; e disponibilizam (incluso no pacote) algumas imagens, incluindo dos integrantes do grupo com a aurora. Dá pra ficar assistindo ao espetáculo e ter a garantia de algumas imagens de recordação.

Ver a aurora foi uma experiência indescritível. A “senhora das luzes do norte” se apresenta imponente e delicada, imprevisível… Num momento estávamos diante de um céu absolutamente escuro, com apenas as estrelas, quando, silenciosa e suavemente, ela começava a surgir. E com o mesmo silêncio e suavidade ia crescendo, e dançando sobre nossas cabeças, formando fachos, espirais, circulando e voando, num espetáculo impressionante. Se estávamos próximos da água (como dos fiordes) ela refletia linda. Todos os dias foram emocionantes, cada um com sua característica, com seu jeito… e sempre deixando a clara sensação da estarmos recebendo um presente do Céu!

E, pra que tenham uma ideia mais aproximada da emoção de ver a aurora boreal, trazemos o link pra um vídeo, em time lapse, do nosso companheiro de viagem Neto Cunha, a quem agradecemos imensamente a gentileza de nos ter permitido agregar seu trabalho aqui no nosso blog. Muito obrigada!

Pra ver o vídeo, é só clicar: Aurora boreal no ártico

* Este não é um post patrocinado. O espírito do blog é de narrar histórias e experiências, de forma que esse escrito reflete unicamente a opinião dos autores.

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5 comentários sobre “A AURORA BOREAL (AS LUZES QUE NOS LEVARAM À NORUEGA)

  1. Gal,que leitura gostosa…. muito bem escrito. Independente de eu ter estado nesse grupo pude sentir a emoção que vc passa ao descrever a vivência… Parabéns. Quando eu crescer quero ser como vocês…

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    • Obrigada, Fran, querida! Comentários como esse são sempre um estímulo a fazermos com amor… E você já é uma viajante do mundo… nós é que queremos seguir o seu exemplo!

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  2. Gal, amei o texto! Reflete muito bem as minhas impressões da viagem 😊 Muito legal reviver tudo isso através dessa postagem… Abraço em vocês!

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    • Obrigada, Adriana! Ficamos contentes de poder trazer essas memórias felizes de volta! Abraço também!

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